Em 9 meses, obra asfalta menos de 50 metros.
Uma obra de pavimentação da Prefeitura de São Paulo está se arrastando há nove meses no Recanto do Paraíso, em Perus (zona norte). Nesse período, menos de 50 metros de asfalto foram colocados na avenida da Mina. Pior: quase não há operários no local.
* Prefeitura não explica a demora
Moradores dizem que os funcionários da construtora Blokos --que executa o projeto para a gestão Gilberto Kassab (DEM)-- já avisaram que, por falta de pagamento da prefeitura, os trabalhos vão ser paralisados nesta semana.
O Agora esteve ontem no Recanto do Paraíso --favela encravada à margem do Rodoanel, próximo à estrada Velha do Lixão-- e não encontrou funcionários nem maquinário de construção civil no local. A avenida da Mina tem pouco mais de 1 km e, quando concluída, ligará a rua Mogeiro à rua dos Salmistas. Depois de nove meses, não há sequer 50 m de asfalto concluídos.
"Nas últimas três semanas, colocaram só 18 guias, com um metro e meio cada uma. E mais nada. Faz quase um mês que o encarregado não aparece. Estamos com medo de a obra ficar do jeito que está", reclama o carpinteiro José Gomes dos Santos, 50 anos.
Um dos pioneiros da comunidade, o eletricista Reinaldo Rodrigues da Silva, 48 anos, mora no número 19 da avenida da Mina há 11 anos. Ele também reclama da lentidão na execução da obra. "Aqui peão mais para do que trabalha. Teve vez de deixarem uma máquina 15 dias parada no meio da rua. Não dava nem para passar carro."
De acordo com ele, a pavimentação é só mais uma etapa de muitas outras reivindicações da comunidade desde a metade da década de 1990, quando os primeiros moradores se instalaram no local.
"No começo, a gente puxava água por uma mangueira de 1.300 m que vinha lá do Jaraguá. A luz vinha daqui de Perus. Tudo gato", diz um outro morador. Segundo Silva, muitas das crianças da rua que iam para a escola no ano passado em peruas pagas pelos pais não pôde fazer isso neste ano por causa da obra de pavimentação. "Se o que os funcionários estiverem dizendo for verdade, que eles vão parar por aqui, a gente vai se juntar para que cada morador pague o asfalto da frente da sua casa. Porque, pelo jeito, essa obra não vai acabar nunca."
A cabeleireira Célia Aires de Oliveira, 35 anos, há pouco mais de cinco moradora do número 32 da avenida da Mina, foi quem primeiro soube, por um funcionário da empreiteira, que a obra correria o risco de ser paralisada de vez.
De acordo com ela, esse funcionário não informou se a falta de verba era um débito da prefeitura junto à empresa ou culpa da própria construtora, que, não podendo mais pagar os funcionários, teria decidido interromper a pavimentação. "Me disseram que não vem mais máquina para cá. Os funcionários já estão sem receber. Vão dar isso por acabado ainda hoje", afirmou a moradora.
Dois operários --que estavam no local sem trabalhar-- não quiseram conversar com a reportagem.
Fonte: Léo Arcoverde do Jornal Agora
http://www.agora.uol.com.br/saopaulo/ult10103u602937.shtml
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