Chácara Maria Trindade, um pedaço de Perus.
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Na zona oeste, os repórteres Janaina Lepri e Reginaldo Carvalho encontraram pássaros exóticos, árvores enormes e moradores preocupados com a possibilidade de virarem vizinhos de um aterro sanitário. A via Anhanguera é a rota escolhida para a nossa viagem. Não se engane, nós não seguimos em direção ao interior e sequer vamos deixar a cidade. Quem passa pelo pedágio, acha que já saiu de São Paulo, mas tem um pedacinho do município que ficou do outro lado. Uma única rua, a última da zona oeste. “Em 77, quando foi feita a praça do pedágio, ela não era pra ser construída aqui. A princípio era para ser construída no Km40 dentro do município de Cajamar. Ficamos totalmente isolados”, diz Marilza Marim, líder comunitária. A rodovia divide o bairro de Perus em duas partes. Do lado direito, fica a chácara Maria Trindade, na altura do quilômetro 27. Para vir do centro até o local, não tem jeito: o morador passa pelo pedágio. “A tarifa de ônibus é intermunicipal e aí os trabalhadores, as pessoas que moram aqui na região, geralmente não são contratadas para trabalhar em São Paulo porque alegam que o que se paga pela tarifa de ônibus deles é muito mais cara”, diz a líder comunitária. Imagine gastar R$10,20 só pra ir e voltar da padaria, do supermercado ou do hospital em Perus. O jeito é fazer compras e ir ao médico em outra cidade. Maria Trindade está no limite de Cajamar e Santana do Parnaíba e, para ir até os municípios vizinhos, o caminho é outro. Na pratica, esta rua ficou tão separada do resto da cidade, que nem mesmo os carteiros iam até o local. Depois de muita reclamação, e insistência dos moradores, a solução foi criar uma caixa postal comunitária, que funciona no muro da escola. Cada morador tem um número. A família de Henrique leva a vida como se estivesse em uma cidadezinha do interior. A terra fértil atraiu para a chácara Maria Trindade 40 famílias ligadas ao MST. O terreno invadido em 2002 pertence a Sabesp. “Nós temos um começo de uma horta mandala, ela é plantada de forma circular, em volta de um pequeno reservatório que depois vai molhar as plantas. No espaço desse reservatório se cria pequenos animas, patos, galinhas. Do lado de fora de uma cerca, as plantas”, diz Roseli Paini, coord. reg. MST. Este é o lugar em São Paulo de que seu Lino mais gosta. Ele percorre cerca de 20 quilômetros todos os dias da Lapa, onde mora, até a chácara, onde cria pássaros exóticos. ‘Isso aqui é um outro mundo, há meia hora de São Paulo. Ainda é São Paulo, mas aqui você respira um ar puro”, diz Lino Siqueira, criador. Os animais são criados soltos e não há espaço para desavenças. Como a gatinha, que vive dentro do pombal e convive em harmonia com os pombos. De acordo com o mapa da cidade de São Paulo, o ponto mais extremo da zona oeste fica em um terreno que pertence à uma indústria de processamento de grafite. É o córrego Itaim que faz a divisa do município. A região escondida no mapa foi lembrada pela prefeitura, mas os moradores não gostaram do motivo. Um decreto de 2004 determina a desapropriação da área para a criação de um aterro sanitário. “O que nós, moradores, estamos fazendo, é um movimento contra esse aterro, por ser próximo de São Paulo. Já sofremos com o aterro Bandeirantes há mais de 20 anos”, diz a líder comunitária. |
http://sptv.globo.com/Sptv/0,19125,LPO0-6151-20060525-275780,00.html
1 comentários:
19 de novembro de 2009 às 23:18
Por que nao:)
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