Dona de casa foi arrastada pela enxurrada para dentro de galeria pluvial sem proteção, em Perus, na zona norte
Lais Cattassini – O Estado SP
A dona de casa Shirley da Cruz Silva, de 27 anos, morreu anteontem à noite após ser arrastada pela enxurrada e cair em uma galeria de águas pluviais aberta em Perus, na zona norte da capital paulista. Ela voltava para casa, por volta das 22 horas, após um dia de trabalho, quando foi surpreendida pela chuva e escorregou em uma escada que dava acesso à Rua Cavalo Marinho, onde morava. A tubulação fica no pé da escadaria. Esta foi a segunda morte causada pelas chuvas registrada neste ano em São Paulo.
De acordo com moradores do bairro e a família da vítima, a morte de Shirley poderia ter sido evitada. Eles afirmam que há mais de um ano pedem que a Prefeitura coloque grades na galeria, por onde uma pessoa consegue deslizar com facilidade.
Segundo a Subprefeitura de Perus, foi aberto um procedimento administrativo interno para apurar a ocorrência. O órgão informou que “lamenta o acidente” e determinou a instalação imediata de grades de proteção e uma vistoria no local. O órgão não informou se localizou os pedidos de colocação de grades que os moradores afirmaram ter feito.
Vizinhos testemunharam a queda e chamaram o Corpo de Bombeiros. A família também foi chamada para tentar socorrer a jovem. “Todos correram para ajudar, mas não deu tempo”, contou a dona de casa Berenice Aparecida Santos Silva, tia de Shirley.
Ao cair na tubulação, Shirley foi arrastada para o encanamento da Rua Dedalion, paralela à sua. Para socorrê-la, os bombeiros abriram a galeria de visitação e a retiraram, a cerca de quatro metros do local onde havia caído.
Segundo o boletim de ocorrência, registrado no 46º Distrito Policial (Perus), Shirley foi encontrada desacordada e levada ao Pronto-Socorro Municipal de Perus, mas já chegou morta ao hospital.
Os vizinhos contaram que, embora a região não sofra com enchentes – já que as casas estão em um morro -, enxurradas são frequentes. A água desce com força pelas ruas do bairro e forma correntezas.
A escada que liga as Ruas Cavalo Marinho à Dedalion à outra tem canaletas para guiar o fluxo da água às galerias. Mas, segundo os moradores, a escadaria, com cerca de 200 metros, se transforma em cascata e a correnteza é forte o bastante para levar uma pessoa.
A Subprefeitura de Perus diz que no local foi construída uma escada hidráulica, para diminuir a velocidade do escoamento da água.
RISCO
A casa onde Shirley morava com a filha de 9 anos e outros familiares está a ponto de ser condenada pela Defesa Civil. Quatro imóveis vizinhos ao seu correm risco de desabar. Uma rachadura surgiu no asfalto e a área foi isolada pela Defesa Civil, segundo os moradores. “Ainda não interditaram a nossa casa, mas a rachadura está crescendo. Se precisarem fechar aqui, não teremos para onde ir”, conta Berenice.
Segundo a Defesa Civil do Estado, somente no verão, 42 pessoas já morreram em todo o Estado e 27 ficaram feridas e uma pessoa está desaparecida na região do Vale do Paraíba. O corpo de Shirley será velado hoje, às 8 horas, no Cemitério Dom Bosco, em Perus.
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