A guerra pela presidência da Câmara Municipal de São Paulo terminou em agressão física na noite da quinta-feira. Após descobrir que o vereador Marcelo Aguiar (PSC) organizava jantar a favor do vereador José Police Neto (PSDB), candidato apoiado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM), os vereadores Adilson Amadeu (PTB), Aurélio Miguel (PR) e o atual presidente da Casa, Antonio Carlos Rodrigues (PR), líderes do "centrão", resolveram aparecer de surpresa no evento, no edifício de Aguiar, na Rua Cipriano Barata, no Ipiranga.
Aguiar desceu para receber os parlamentares. No momento em que recepcionava o trio no saguão do edifício, ele levou um soco no peito de Amadeu e foi chamado de traidor.
Amadeu diz que apareceu no prédio apenas para dar um "beijo" em Aguiar e negou de forma irônica o soco relatado por 12 dos 28 vereadores que estavam no encontro. "Esse moço é um estudioso da Bíblia, mas não cumpre nada do que ela diz. Eu fui lá para dar um beijo nele. Ele até nos convidou para jantar mas, como estou de dieta, preferi ir embora mais cedo", ironizou Amadeu ao Estado.
Segundo Amadeu, Aguiar havia declarado apoio ao candidato do "centrão", o vereador Milton Leite (DEM), e depois resolveu mudar para o lado de Police Neto. A agressão também foi registrada pelas câmeras internas do edifício, segundo um coronel da reserva da PM que mora no prédio e não quis se identificar.
Houve gritaria e tumulto entre moradores que estavam no salão de festas do local. A família de Aguiar também ficou assustada e chegou a ligar para um comandante da PM. Aguiar, porém, não quis registrar boletim de ocorrência.
No momento em que recebeu o soco de Amadeu, Aguiar, que é bispo da Igreja Renascer, estava ao lado dos vereadores Penna (PV) e Domingos Dissei (DEM). Era o segundo jantar em menos de uma semana organizado para angariar apoio à candidatura de Police Neto - o primeiro foi realizado na quinta-feira passada no apartamento de Marco Aurélio Cunha (DEM).
"A reunião era para o vereador mostrar seu apartamento novo e para discutir a composição dos partidos na nova Mesa Diretora. Mas, de repente, os três apareceram no prédio, como se a casa de um cidadão fosse a extensão do Legislativo", relatou Claudio Fonseca (PPS), que apoia Police Neto. "O que o "centrão" quer é impor um estado de terrorismo aos que são contrários à candidatura deles, de forma inadmissível e autoritária. É um absurdo o presidente do maior parlamento municipal da América Latina ter uma atitude como essas", completou Fonseca.
Tensão. A briga teve desdobramentos ontem no Legislativo. Na vaga destinada ao carro oficial de Aguiar foi colocada uma placa de dois metros com a inscrição em tinta "traidor", em letras maiúsculas.
A briga também fez cair qualquer possibilidade de acordo para a votação dos 78 projetos que esperam análise dos vereadores. Por causa da disputa pela presidência, o "centrão" também tem boicotado as votações na Câmara há 40 dias. O bloco liderado por Rodrigues comanda o Legislativo desde 2006.
Kassab resolveu apoiar Police Neto para enfraquecer o grupo de Rodrigues, primeiro suplente de Marta Suplicy no Senado.
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